Tribuna Livre: neurologista ensina como identificar sintomas de AVC

por Mateus Pires publicado 03/11/2022 18h10, última modificação 03/11/2022 18h10
Em alusão ao Dia Mundial de Combate ao AVC, a Dra. Lívia Filgueiras Martins Nogueira participou da Reunião Plenária da última quinta-feira (27) e detalhou informações sobre a doença
Tribuna Livre: neurologista ensina como identificar sintomas de AVC

Dra. Lívia Filgueiras Martins Nogueira na Tribuna Livre do dia 27/10/2022

Em alusão ao Dia Mundial de Combate ao Acidente Vascular Cerebral (AVC), a médica neurologista Lívia Filgueiras Martins Nogueira participou da Tribuna Livre da Reunião Plenária da última quinta-feira (27). Ela abordou sobre o combate ao AVC e apresentou informações e orientações que auxiliam de forma decisiva para salvar vidas.

A médica chamou a atenção para a incidência da doença, uma vez que o AVC voltou a ser, neste ano, a primeira causa de morte no Brasil. Segundo ela, são em média 11 óbitos por hora. A Dra. Lívia ainda destacou a importância do paciente de AVC receber atendimento médico o mais rápido possível.

“Ele tem que chegar até quatro horas e meia do início dos sintomas no hospital, para que ele possa receber a medicação adequada par o tratamento. Então, minutos podem salvar vidas. [...] Cada minuto que a gente perde de tempo no tratamento a gente perde milhões de neurônios. A área cerebral que é necrosada ela vai aumentando”, ressaltou.

Tipos de AVC

Durante a explanação, a médica explicou que existem dois tipos de AVC: isquêmico e hemorrágico. “Nós temos um trombo que oclui o vaso cerebral, como ocorre no infarto agudo do miocárdio. Esse trombo ele bloqueia o fluxo de sangue e essa área cerebral adjacente ela morre. [...] Esse AVC, que corresponde a 85% dos casos, é que nós queremos abordar urgentemente no hospital para tentar desfazer esse trombo”, explica a médica sobre o acidente isquêmico.

Já em relação ao hemorrágico, Dra. Lívia detalhou que ele ocorre quando há uma ruptura do vaso sanguíneo e o sangue extravasa para dentro do cérebro.

Tempo, conhecimento e sintomas

Mais de uma vez, a participante da tribuna reforçou a importância do atendimento médico rápido ao paciente vítima de AVC. Também frisou ser necessário que a população tenha conhecimento para identificar os sintomas e prover assistência médica ao doente.

“Para que eu possa desfazer esse trombo, eu tenho apenas quatro horas e meia. A equipe precisa agir de forma extremamente rápida. O paciente precisa fazer a tomografia em no máximo 20 minutos. Esse paciente, quando chegar no hospital, precisa ser identificado que ele tenha um AVC. Então, quando a população já chega e identifica os sintomas, já fala, já dá o alerta na recepção ou para a enfermagem da triagem, isso facilita muito o nosso trabalho”, destacou.

Dra. Lívia disse que durante um AVC, o paciente sofre um déficit neurológico súbito. “É aquele paciente que ele está bem e, de uma hora para outra, ele começa a apresentar os sintomas neurológicos: ele entorta a boca, ele perde a força do braço, perde a força da perna, ou ele sente uma dormência de um lado todo do corpo”, explicou.

Ela ainda disse que o paciente pode ter uma dor de cabeça intensa “que ele nunca teve na vida”. Também pode ser que a pessoa fique com a fala confusa, perca o equilíbrio e até mesmo a visão (central ou periférica). “Nem sempre o problema é oftalmológico. Às vezes o problema é cerebral. Em qualquer um desses sintomas o paciente vai ter um quadro mais grave ou o paciente vai desmaiar. Em qualquer um desses sintomas o paciente deve ser imediatamente encaminhado para o hospital ou ligar para o SAMU 192”, frisou.

Método SAMU

Para facilitar identificação dos sinais de AVC, a médica falou sobre o método SAMU: sorria, abrace, música, urgência. “Peça para dar um sorriso. Se a boca estiver torta, é um sinal; pede para levantar os braços, dar um abraço. O braço caiu, não manteve a força, imediatamente para o hospital; cantar uma música, conversar alguma coisa. A fala está enrolada, é SAMU mesmo, 192, imediatamente para o hospital”, detalhou.

Como evitar

Segundo a médica, para evitar a ocorrência de um AVC é fundamental que a pessoa controle os fatores de risco. Os principais são “as doenças vasculares formadoras de placas de colesterol – quem já tem tendência a ter doença vascular periférica tem que ficar atento, porque o risco é maior de ter infarto e de ter AVC [...], as doenças do coração – muitas vezes o AVC vai ser uma consequência de uma doença cardíaca [...] –, sedentarismo, [...] o diabetes, [...] uso de anticoncepcional de alta dosagem, [...] uso de álcool e drogas, [...] a hipertensão arterial, [...] o tabagismo, o colesterol alto”, citou.

Há, ainda, os fatores de idade (acima de 55 anos) e o sexo masculino, já que é mais prevalente em homens.

Centro de Referência

Dra. Lívia lembrou que o Hospital Arnaldo Gavazza Filho (HAG) está em processo para se tornar um Centro de Referência no Tratamento Agudo do AVC. “Existe um protocolo que foi treinado exaustivamente pela enfermagem, pela equipe de neurologia, pelos plantonistas, para que esse paciente possa receber esse tratamento dentro desse tempo. Mas, para isso, é necessário que a população também saiba reconhecer os sinais e os sintomas de AVC”, avaliou.

A médica também abordou sobre as adequações estruturais do HAG para ser classificado como Centro de Referência.

Após a exposição da médica, os vereadores agradeceram e elogiaram a participação da profissional de saúde e destacaram a importância do assunto abordado.

O vídeo da Reunião Plenária está disponível no canal no YouTube da Câmara de Ponte Nova.

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