Setor de Endemias apresenta balanço das ações e projeta piora da dengue

por Mateus Pires publicado 06/11/2024 18h15, última modificação 06/11/2024 19h24
O coordenador de Prevenção a Endemias, Raniely Saraiva, participou da Tribuna Livre e alertou que o cenário da dengue para 2025 é preocupante: “a perspectiva é de piorar”
Setor de Endemias apresenta balanço das ações e projeta piora da dengue

Coordenador de Prevenção a Endemias, Raniely Saraiva

Diversas informações sobre o setor de Prevenção a Endemias do Município foram apresentadas pelo coordenador da unidade, Raniely Saraiva, durante a última participação na Tribuna Livre da Câmara. O servidor da Prefeitura esteve na Reunião Plenária de 24 de outubro e além de expor as ações promovidas desde 2020, alertou para o cenário da dengue em 2025.

“A situação não vai ser fácil para o ano que vem também, não. A culpa não é da Endemias, a culpa não é só da população, a culpa não é da Prefeitura, a culpa não é do Governo Federal. Tem a mudança climática, tem o lixo. [...] A população tem que abrir o olho. Ano que vem, a perspectiva é de piorar”.

A projeção preocupante foi reforçada com os dados apresentados por Raniely em relação aos casos notificados da doença, em Ponte Nova, nos últimos anos. Ele também falou a respeito da chikungunya no Município. Em 2021 foram 151 casos notificados de dengue e 14 de chikungunya; em 2022, 220 de dengue e 3 de chikungunya; em 2023, 6.286 de dengue e 637 de chikungunya; em 2024, até outubro, foram 6.162 casos de dengue e 1.249 de chikungunya. “Infelizmente, perdemos uma pessoa por dengue e uma por chikungunya. Duas mortes muito lamentáveis”, acrescentou.

“A população tem que colaborar conosco, fazer a limpeza dos quintais e não deixar água parada”, frisou Raniely.

Ações contra o Aedes aegypti

O coordenador destacou a realização de diversas ações para combater o mosquito Aedes aegypyti, transmissor da dengue, chikungunya, zika e febre amarela. Os serviços incluíram tratamento focal, conversas com a população, mobilização social e palestras em escolas, por exemplo. Raniely também apresentou dados e explicações sobre o assunto.

“Hoje, registrado comigo na dengue, eu tenho 37.779 [residências em Ponte Nova]. Quantidade de pontos estratégicos – são oficinas mecânicas, cemitérios e tudo – nós temos 101 pontos estratégicos; quantidade de armadilhas orvitrampas nós temos 37 armadilhas em Ponte Nova. [...] A gente consegue medir a quantidade de ovos e onde está a maior localização de Aedes aegypti fêmea dentro do Município”, disse.

Uma das ações destacadas pelo coordenador para o combate ao mosquito foi o Programa Desentulha. Ele exibiu dados da realização do trabalho dos agentes do setor. “O Desentulha está todos os dias na rua retirando coisas, Dr. Wellerson. É impressionante como é que tira sujeira da Cidade. [...] Essa casa aqui da primeira foto é uma casa de um bairro aqui em Ponte Nova que nós retiramos de lá seis caminhões de coisas inúteis, que não deveriam estar lá. Nós achamos foco de dengue demais lá”, exemplificou apresentando imagens.

O coordenador de Endemias ainda abordou sobre a aplicação dos inseticidas UBV leve e UBV pesado. “Isso aqui não resolve nada, isso é paliativo. Por quê? O UBV ele resolve para matar o mosquito alado, aquele que está no ar. O nascedouro do mosquito, onde a água, o pote que ele está, ele está lá, ele não mata aquilo. Isso fica flutuando no ar durante 2 horas e 45 minutos e matando. Mata borboleta, mata abelha, mata tudo que voa”.

Raniely disse que Ponte Nova também utiliza o Aero System. “Ele é jogado dentro da residência da pessoa, mas a gente só usa para chikungunya. A pessoa não pode ter comorbidade respiratória nem nada”.

Segundo o coordenador, no próximo sábado (9), a Prefeitura vai realizar o Dia D de combate à dengue com diversas ações pelo Município.

Febre Oropouche

O participante da Tribuna explicou que a alta de casos da febre Oropouche na região se deve ao processo de diagnóstico, que passou por mudanças. “Faziam exame de dengue, chikungunya e zika. Às vezes, a pessoa estava passando mal, aí quando voltava, dava como uma virose comum. Eles começaram a isolar agora o vírus do Oropouche. Então, Oropouche já está rodando na nossa região há muito tempo”.

Vacinação canina e felina

Raniely apresentou um histórico de dados sobre a vacinação de cães e gatos no Município. Ele pontuou que os números diminuíram por conta da castração, que visa controlar a população dos animais.  

“Nós temos no nosso Município a castração, isso aí diminui a quantidade de vacina que vem para o Município para a gente vacinar. A população de Ponte Nova, pelo último censo, diminuiu. Porque calcula-se o número de vacina pelo número da população e nós temos ainda a castração, que ajuda a gente a diminuir”.

Estrutura

O coordenador também apresentou sobre a estrutura do setor de Prevenção a Endemias do Município. Além dele, são 34 agentes de endemias, que estão divididos da seguinte forma: cinco são supervisores, dois atuam sobre pontos estratégicos; um atua com as orvitrampas; um no administrativo; e 15 no Programa Desentulha.

“Quero agradecer a esta Casa, esse período crítico que nós tivemos, vocês renovaram o contrato aí do Desentulha que era contratado e depois deram a sugestão de a gente ter os efetivos. Hoje, nós temos 15 agentes do Desentulha”.

Raniely ainda disse que, sob sua coordenação, iniciada no segundo semestre de 2020, o setor adquiriu um veículo, duas motos, quatro computadores, um notebook, equipamentos de som, datashow, drones e tablets. “A Dengue, hoje, não gasta papel quase nenhum. Além de nós estarmos salvando o Meio Ambiente, é tudo informatizado. [...] O serviço rende muito mais e a gente consegue fazer mais amplo e ver tudo”, comentou.

Ele também destacou a aquisição de tendas e de equipamentos de áudio para execução de palestras e eventos do setor. Raniely ainda apresentou imagens dos espaços físicos onde o setor funciona.

Avaliação

Raniely aproveitou o espaço para fazer uma avaliação do trabalho desenvolvido por ele como coordenador do setor. “O que eu pude fazer para a Endemias nesses quatro anos eu fiz. [...] Eu sou coordenador, eu estou na Prefeitura para gerir pessoas e fazer programas e estudar o que eu tenho que estudar.[...] Não é fácil ser coordenador de Endemias. [...] A gente levanta às 3 horas da manhã para ir dormir às 11 horas da noite cheirando aquele veneno. Vocês nunca me viram em redes sociais reclamando que eu não recebo insalubridade, reclamando do meu salário. Eu não faço isso. Eu estou lá com minha responsabilidade. Eu sou coordenador 24 horas, atendo todo mundo”, afirmou.

Após a explanação, vereadores se manifestaram com elogios ao trabalho executado por Raniely, fizeram perguntas e o agradeceram a participação.

O vídeo da Reunião Plenária do dia 24 de outubro está disponível na página da Câmara no Facebook e no canal no YouTube.

Tribuna Livre

A Tribuna Livre é um espaço destinado à população durante a Reunião Plenária. A participação acontece mediante inscrição prévia, via formulário eletrônico. Informações: (31) 3819-3250.

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