Servidoras da Semam reivindicam direitos em manifestação na Tribuna Livre

por Mateus Pires publicado 12/03/2024 18h10, última modificação 13/03/2024 12h24
Layara Amâncio e Taina Cruz destacaram o papel da mulher no serviço público e relataram dificuldades enfrentadas pela falta de estrutura básica para desempenharem o trabalho
Servidoras da Semam reivindicam direitos em manifestação na Tribuna Livre

Layara e Taina durante a Tribuna Livre do dia 07/03/2024

A Tribuna Livre da Reunião Plenária da última quinta-feira (7) foi utilizada pelas servidoras da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam) Layara Amâncio e Taina Cruz. Elas se inscreveram para falar sobre o papel da mulher no serviço público, mas também reivindicaram direitos básicos e expuseram obstáculos que prejudicam a rotina de trabalho e refletem em desvalorização, segundo elas.

O servidor Amauri Lima Paula também falou na Tribuna. De forma breve, abordou sobre a falta de reconhecimento da classe. “Vimos o quão exclusos somos, não só por sermos invisíveis pela sociedade. [...] É humilhante, sim, por si só, não apenas pelo fato da falta de reconhecimento social, como profissional mesmo. Aí que entramos nessa questão salarial, que comparada a outras cidades e estados, temos uma base muito baixa, isso já pelo salário em si, quanto mais sobre o nosso vale alimentação, que não chega a 50% do valor de uma média de uma marmita aqui na Cidade”.

Emocionando-se em um dos momentos, Layara falou sobre as dificuldades de se conciliar a função pública com outras tarefas e avaliou que falta reconhecimento tanto da administração municipal quanto da população para com os servidores da Semam. Ela cobrou campanhas educativas quanto ao lixo para os moradores de Ponte Nova e relatou problemas para fazer o uso do direito da redução da carga horária para cuidar dos filhos que são deficientes ocultos.

“Pedi a redução na carga horária por ter filhos com necessidades especiais, e para fazer uso do meu direito, tive que, juntamente com o Sindicato, judicializar o meu pedido. [...] As barbaridades que eu escutava diariamente por sofrer perseguição por ter tido que judicializar um direito meu. [...] Eu fui inutilizada como mulher, como mãe e como servidora. Então, essa lágrima hoje é de indignação”, desabafou.

Layara relatou que está há dois anos e meio sem receber o Vale Refeição e chamou a atenção para a dimensão do trabalho que ela e os colegas têm. “É uma pessoa para poder varrer um bairro, por exemplo, o São Geraldo todo, e não é só uma pessoa que produz o lixo, é um bairro inteiro. Todos os dias. Eu varro, hoje, a Praça de Palmeiras, todos os dias está imunda a Praça de Palmeiras”.

A servidora também descreveu problemas na lida do trabalho, como a falta de equipamentos e desdém quanto à preocupação por trabalhar em local potencialmente perigoso. “Eu tenho vídeo aqui, eu catando lixo na Praça de Palmeiras com a mão, porque não tem luva, e só tinha um saco, que não tem saco para gente poder trabalhar. [...] Nós não temos banheiro, nós não temos café, nós não temos pão, nós não temos local para trocar um absorvente. Eu dependo de você deixar utilizar sua casa, utilizar seu banheiro. [...] Eu cheguei a ouvir [...] que mulheres não precisavam de ter medo de capinar a BR da Babilônia sozinha, porque em Ponte Nova não tinha estupradores. E os que tinham, eram bonitos. O que eu me senti? Eu me senti um lixo. [...] Eu tive a ponto de retirar a minha vida”, contou.

Layara parabenizou todos os servidores pelo trabalho desempenhado e, em especial, as mulheres servidoras. “Além do trabalho, somos mães, mulheres, esposas, exemplo e inspiração para muitos”, concluiu.

Taina também cobrou por mais valorização da classe e criticou o valor do Vale Refeição e do último reajuste salarial. “A gente não é visto, muitas das vezes, e isso vem pelo Plano de Carreira que a gente não recebe. Como é que um funcionário público vai trabalhar feliz se ele não sabe se amanhã ele pode ser outra coisa? [...] Ninguém pergunta se precisa de um bebedouro novo. A gente está com um, até hoje, para todo mundo da Semam, e bebe água quente. Agora, tirar foto nossa, maltratar a gente, isso é real. Outra: gente, é surreal um ticket de R$ 9”, criticou.

A servidora manifestou insatisfação com as condições para receber a cesta básica pela Prefeitura. “Eu sei que é uma gratificação de assiduidade, e eu entendo isso. Só que ninguém pede para pegar dengue. [...] E a gente pega dengue e perde a cesta”, lamentou.

Os vereadores agradeceram a participação das servidoras, ressaltaram que muitas das demandas apresentadas já são tratadas pelos parlamentares, mas que a resolução dos problemas depende do Poder Executivo. Também destacaram que a Câmara é um espaço para que os servidores tenham voz.

A Tribuna Livre é um espaço destinado à população durante a Reunião Plenária. A participação acontece mediante inscrição prévia, via formulário eletrônico. Informações: (31) 3819-3250.

O vídeo da Reunião Plenária do dia 7 de março está disponível na página da Câmara no Facebook e no canal no YouTube.

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