Geógrafo fala sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável na Tribuna Livre

por Imprensa — publicado 05/06/2020 17h15, última modificação 13/10/2020 17h56
A participação do geógrafo, mestre na área de Solos e professor Jaime Santos na Palavra Livre aconteceu em razão do Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado nesta sexta-feira (5)

Na véspera do Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado nesta sexta-feira (5), a reunião extraordinária dos vereadores de Ponte Nova dessa quinta-feira (4) contou com a participação do geógrafo e mestre na área de Solos Jaime Augusto Alves dos Santos. Ele falou na Tribuna Livre sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável, que também é o tema do Parlamento Jovem (PJ) deste ano.

 

 

Jaime, que é professor da Escola Estadual Professor Antônio Gonçalves Lanna, uma das instituições participantes do PJ, destacou a importância do conhecimento do território para trabalhar com o meio ambiente do local.

 

“Você precisa saber que tipo de vegetação você tem, você precisa saber a fauna, você precisa saber a flora, [...] você precisa conhecer a litosfera, que é o tipo de rocha que você tem, o tipo de solos que você tem, o relevo [...] e, principalmente, a questão da atmosfera”, explicou o professor.

 

O rompimento da barragem da mineradora Samarco, em 2015, foi lembrado pelo geógrafo como um exemplo do desconhecimento do próprio município sobre seu território. “No norte do município, onde está Rio Doce, Santa Cruz e Barra Longa, é naquela divisa de Ponte Nova que a lama passou. E, por desconhecimento do território, o município, naquele momento, nem sabia se a lama tinha passado por lá ou não”.

 

O professor citou documentos importantes que possuem o levantamento de informações sobre o meio ambiente em Ponte Nova e planos de ação e orientação dos trabalhos, como gestão dos resíduos sólidos, saneamento básico, mobilidade urbana, manejo de parque e de Área de Proteção Ambiental, planos Diretor, de Redução de Riscos e Preventivo da Defesa Civil.

 

“Nesses oito documentos gastou-se pelo menos um milhão de reais [...] e às vezes a gente não tem continuidade ou um técnico capacitado para dar sequência. [...] Se você investe no profissional aqui do município, servidor público da prefeitura, você não precisa gastar 300 mil reais para fazer um produto”, avaliou.

 

As mudanças climáticas e as chuvas também foram abordados por Jaime. “Ponte Nova vai ter que criar mecanismo para aprender a conviver com esses eventos extremos de chuva. [...] Antigamente nós tínhamos grandes enchentes de 10 em 10 anos. Nós tivemos uma enchente muito forte em 2008, tivemos uma enchente muito forte em 2012, os anos de 2013, 2014 e 2015 foram de seca”, disse ao chamar a atenção para a mudança do padrão de chuva na região.

 

O convidado para a Tribuna Livre exemplificou ainda as alterações na cadeia alimentar, expostas pela maior incidência de animais peçonhentos, e as queimadas, muito frequentes em Ponte Nova no período de seca, mesmo sendo proibidas pela legislação.

 

Jaime defendeu a educação ambiental como caminho para as práticas sustentáveis a médio e longo prazo, formando pessoas conscientes desde as escolas. Ele explicou que Ponte Nova, em termos de legislação ambiental, é um município prejudicado. “Aqui em Ponte Nova, se você foge da área de APP (Área de Preservação Permanente) do Rio Piranga, você vai para o topo do morro que também é Área de Preservação Permanente”, observou.

 

“O desenvolvimento econômico tem que acontecer, tem que gerar emprego, gerar renda, tem que gerar lucro para a cidade, mas na hora que eu começo a desenvolver você vem com a questão da legislação”, disse ao se referir a necessidade de uma segurança jurídica para o desenvolvimento sustentável.

 

A situação da Bacia Hidrográfica do Rio Piranga, composta por 30 municípios, foi também ganhou espaço na fala do geógrafo. O rio, que nasce em Ressaquinha, recebe as águas das chuvas de toda a região e o esgoto dessas cidades. “Toda água que drena na bacia tem que passar por aqui. [...] Não tem vazão, é por isso que a gente tem eventos extremos de enchentes aqui no município. [...] O volume de água muito grande na bacia que é o problema, o assoreamento dos rios é que é o problema. A [Usina da] Brecha para nós, até onde eu vejo, é até uma vantagem, porque a gente tem seis, sete horas para se prevenir de um evento maior”.

 

Jaime alertou para a necessidade de um plano B para a captação, tratamento e distribuição de água em Ponte Nova. “Se a gente tivesse um evento de uma carga perigosa cair, por exemplo, no Rio Piranga, um produto químico perigoso, a gente não tem de onde tirar água”. Ele também avaliou que Ponte Nova não tem sido contemplada com recursos e ações efetivas do CBH-Piranga (Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piranga).

 

Após a fala do participante, os vereadores aproveitaram para agradecer os esclarecimentos feitos pelo professor Jaime e fizeram comentários sobre o assunto.

 

O vídeo na íntegra da participação do professor Jaime está disponível no Facebook e YouTube da Câmara de Ponte Nova.

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