Audiência evidencia importância de ação coletiva para segurança nas escolas
Um amplo debate sobre a segurança nas escolas reuniu vereadores, representantes de órgãos ligados à educação e à segurança, comunidade escolar e população, durante mais de duas horas, na Câmara de Ponte Nova. A Audiência Pública sobre o assunto, realizada na última quinta-feira (11), evidenciou que a temática demanda ações multidisciplinares e envolve todos os atores sociais.
O evento aconteceu diante da evidencia que o tema ganhou motivada por registros de ataques violentos a instituições de ensino no Brasil. A Mesa Diretora da Câmara acatou a sugestão da vereadora Suellenn Fisioterapeuta (PV) para a realização da audiência.
Coordenada pelo presidente da Câmara, vereador Dr. Wellerson Mayrink (PSB), a mesa de debates da audiência foi composta pela vereadora Suellenn, pela superintendente regional de Ensino, Rosane Name dos Reis Fialho, pela secretária municipal de Educação, Keila Aparecida Izidorio, pelo aspirante e representante da 21ª Cia de Polícia Militar (PM), Waldson de Miranda, pelo delegado regional da Polícia Civil (PC), Silvério Rocha de Aguiar, e pelo tenente do Corpo de Bombeiros, Neylon Henrique Garcia.
“A audiência tem o propósito de buscar soluções para novas políticas públicas, através de entendimentos e aprendizagens com as pessoas que sabem e lidam com o assunto todos os dias”, disse Dr. Wellerson ao abrir o evento.
Suellenn citou o aumento de casos de violência nas escolas. “Sabemos que os casos de violência nas escolas crescem a cada dia. A gente tem como objetivo estudar a realidade de cada um, ouvir as dificuldades, para tentarmos fazer protocolos em rede para que possamos ter mais segurança nas escolas”.
O delegado da PC destacou a contribuição da instituição para o assunto, principalmente na identificação das pessoas envolvidas em ameaças recentes de ataques às escolas. “A Polícia Civil integra a operação Escola Segura. [...] Todos os fatos relacionados que mencionavam o nome de Ponte Nova foram instaurados procedimentos. As pessoas envolvidas foram identificadas. Esses procedimentos foram encaminhados ao Ministério Público”, disse Silvério.
Rosane avaliou sobre a ocorrência de diferentes tipos de violência nas escolas, mas ressaltou que as instituições estaduais têm atuado para amenizar o problema. “A violência está na escola, mas ela não é da escola. A violência acaba que ela é de todos nós enquanto preocupação. [...] Que a gente faça uma apologia à paz, e não à violência. O que a gente tem solicitado às escolas é que as escolas procurem manter uma vigilância maior, atentas a tudo que pode vir a preocupar, tanto a violência física como a violência simbólica, mas que também tenha uma preocupação em falar das coisas boas que acontecem nas escolas”, contou a superintendente.
Ela também avaliou que a tecnologia, como computadores e celulares, deva ser usada como instrumento pedagógico, e disse que instituições do município estão se preparando para a oferta de turnos integrais. O assunto, segundo ela, demanda ações multidisciplinar para ser encontrada uma solução.
A tensão gerada pelos rumores de ataque às escolas e a limitação da educação enquanto meio para resolver o problema foram citados por Keila. “Foram dias bem intensos e preocupantes vividos dentro das escolas. Primeiro, devido ao pânico coletivo que se instaurou. [...] A gente precisa pensar em ações que sejam coletivas. A educação sozinha ela não dá conta. [...] Muitos dos massacres eles ocorrem a partir de um público que é atendido por nós, vem de um aluno que às vezes sofreu bullying, que tinha uma violência sistêmica e às vezes não foi observado”, avaliou.
Keila também anunciou medidas que serão adotadas pelo município para aumentar a segurança das instituições, como a elaboração de um protocolo de ação e prevenção, linha telefônica direta com a PM e contratação de porteiros para todas as unidades.
A importância de o assunto ser tratado por integrantes diversos da sociedade também foi destaca pelo representante da PM. “Esse tema perpassa por vários atores sociais. [...] Neste sentido, eu venho percebendo que o município de Ponte Nova tem agido com uma certa antecedência para evitar”, disse Waldson.
Ele também explicou sobre a ação da PM via operação Proteção Escolar. “É uma operação duradoura, para o ano inteiro. [...] Todos os dias, nós temos um portfólio direcionado para atender as escolas. [...] A gente deve entender que esse é um problema de todos”, concluiu.
As contribuições do Corpo de Bombeiros foram abordadas pelo tenente Neylon. “O Corpo de Bombeiros tem também uma parcela de conhecimento desse assunto. Hoje, nós trabalhamos de forma direta nas escolas para tratar desses assuntos de segurança”, afirmou.
O público presente pôde se manifestar para contribuir com a discussão sobre o tema. Adão Pedro Vieira, do Conselho Municipal de Saúde, falou sobre o aspecto diverso do assunto, a cobertura da imprensa e a importância do trabalho em equipe para lidar com o problema; Robson Wander Ferreira Lemos, do Conselho de Segurança Pública e Integração Social, abordou sobre o uso da internet e a relação da família com as escolas; Renata Terezinha Barbosa de Bernardi, psicóloga da rede municipal de ensino, destacou a necessidade de se dar atenção nas políticas públicas aos pais dos alunos e aos servidores da Educação; Mateus Silva Damasceno, estudante, lembrou dos efeitos da pandemia na ocorrência de problemas psicológicos, problemas sociais que afetam os alunos e a importância do diálogo e dos cuidados com a saúde mental; André Luiz dos Santos, empresário, citou massacres e casos de violência que ocorreram no Brasil, avaliou que o uso excessivo do celular pode contribuir com o problema e sugeriu ações para os representantes do poder público; Neide Sousa Nascimento, autônoma, destacou a atuação das polícias.
Durante a audiência, os vereadores se manifestaram com comentários, críticas e sugestões.
Dr. Wellerson questionou se as escolas estão preparadas para enfrentar massacres, incêndios e outras emergências. Ele citou aspectos diversos que podem influenciar a qualidade do ensino nas escolas e de convivência. Também entregou à secretária de Educação um projeto que trabalha a paz na educação, elaborado por uma juíza do Tocantins.
André Pessata (Podemos) defendeu que a escola seja um lugar de aprendizado e propôs a instalação de equipamentos de segurança. Também destacou a importância dos pais e da prevenção de casos violentos.
Aninha de Fizica (PSB) citou medidas que o município adotará, como a contratação de vigias, e sugeriu o uso de detectores de metal nas entradas das escolas e a instituição da Guarda Municipal. Ela ainda propôs o monitoramento do uso dos celulares pelos alunos.
Emerson Carvalho (PTB) fez críticas ao Departamento Municipal de Trânsito (Demutran), que segundo ele poderia auxiliar na segurança das escolas. Ele questionou se há medidas preventivas em execução no município e destacou a importância do controle de entrada e saída das instituições.
Wagner Gomides (PV) lembrou que a insegurança nas escolas é um assunto antigo e que falta políticas públicas nesse sentido. Ele defendeu a discussão da cidadania com os alunos e de propostas que sejam práticas em relação ao problema. O parlamentar ainda avaliou que os currículos escolares precisam de atualização para tratar sobre temas importantes, como a saúde mental da comunidade.
Zé Roberto Júnior (Rede) chamou a atenção para o que a escola representa para os alunos. Ele se demonstrou preocupado em transformar as instituições em um ambiente hostil.
Sérgio Ferrugem (Republicanos) ponderou que o uso correto da internet e do celular deve ser uma prioridade e que atualmente há um distanciamento entre pais e filhos por conta da tecnologia.
Antônio Carlos Pracatá (MDB) ressaltou que o assunto segurança deve partir de dentro das casas dos alunos. Ele ainda citou os problemas gerados pela pandemia e que é necessária atuação dos três poderes no tema.
Além do público presente, interessados puderam acompanhar o evento por meio da transmissão ao vivo pela página da Câmara no Facebook e no canal no YouTube.